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Setor Automotivo: entenda os principais motivos da queda

Neste artigo você irá encontrar as principais causas da queda do setor automotivo, desafios e previsões de especialistas para o futuro do ramo.

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Podemos considerar que o setor automotivo está se recuperando rapidamente, sem se intimidar por desafios na cadeia de suprimentos e mão de obra. Para manter esse impulso, os fabricantes enfrentam riscos elevados, enquanto avançam nas prioridades de sustentabilidade, tanto ao redor do mundo, quanto no nosso Brasil.

A estimativa de exploração de recursos do setor automotivo, pode ajudar fabricantes a transformarem riscos em vantagens, e ainda capturarem o crescimento, ainda que as vendas de veículos tenham se prejudicado por motivos como a escassez de semicondutores, que prevê recuperação em 2024.

Cenário econômico global

A COVID 19 aumentou a oscilação dos últimos anos. Contudo, a economia global pode sofrer apenas uma recessão leve, no lugar de uma queda profunda, segundo o executivo-chefe da fabricante francesa Michelin, Florent Menegaux. “Como discutido no ano passado, estimei que não voltaríamos a uma recuperação real antes de meados de 2023”.

Mesmo a indústria automobilística prestes a enfrentar um ano difícil, diante da escassez de chips, invasão da Ucrânia pela Rússia, surtos de COVID-19 na China e custos crescentes na energia e matérias-primas. Assim, a recuperação em 2024 é mais provável, na ausência de uma recessão profunda. Menegaux prevê uma desaceleração econômica global “leve” por enquanto.

A Michelin foi atingida indiretamente pela carência de semicondutores, já que a entrega de equipamentos usados ​​na fabricação de pneus atrasou. Fabricantes também sofrem com o aumento dos custos de transporte, estimulado pela baixa de caminhoneiros. Milhares de motoristas estão parados ou deixaram o segmento, graças a alta nos preços dos combustíveis.

Queda no setor automotivo em território brasileiro

Embora o mercado global de automóveis consiga se recuperar ao patamar pré-pandemia, as vendas podem ficar para trás. Os consumidores hesitam na decisão do tipo de veículo para compra, pesando a questão econômica e regulamentações ambientais mais rigorosas, que afetam o valor dos carros no mercado de segunda mão.

A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) aponta que os emplacamentos de veículos, em junho, registraram retração de 6,6%, se comparado ao mesmo período do mês de maio. Entretanto estão 2,1% acima do mês de junho de 2021. A boa notícia foi o desempenho do segmento de motocicletas, onde houve um crescimento de 23% até junho em comparação com o ano passado.

Os que preferem automóveis também podem se animar, pois veículos e comerciais leves vêm evoluindo gradativamente, mesmo diante de problemas, como a falta de componentes em geral. Por outro lado, indicadores econômicos, tais quais aumentos nas taxas de juros, custo do crédito e os constantes reajustes nos preços dos combustíveis, não são nada empolgantes. Em junho, foram comercializados 4.073 automóveis e comerciais leves eletrificados (híbridos e elétricos).

Com o acúmulo de emplacamentos desses veículos em torno de 20.468 unidades. O ramo dos caminhões ainda enfrenta falta de peças para alguns modelos, mas volta a operar de forma equilibrada. Os ônibus seguem com dificuldades para recuperar a demanda, pois o volume se mantém próximo ao registrado no mesmo período de 2021 e muito distante do que se comercializava antes da pandemia.

Desafio é entender a demanda

Mesmo com uma previsão de volta à normalidade no fornecimento de componentes e na produção das montadoras (foram 16 paradas de fábrica e um total de 331 dias de paralisação nas produções), a Anfavea afirma um estudo meticuloso no comportamento do mercado, visto que é necessário entender a “demanda”.

“Temos hoje uma demanda que é muito vinculada à produção e nosso setor depende substancialmente de crédito e do custo deste crédito. […] Esse tem tudo para ser o maior desafio na pós-normalização da cadeia de produção desses suprimentos: fornecer ao mercado uma demanda que esteja no mesmo patamar ou até superior à nossa capacidade de produção”, fala o presidente da Anfavea.

Apesar dos obstáculos no setor, não podemos esquecer da revolução que está remodelando radicalmente o marketing, a distribuição e a própria venda de automóveis. Esperamos que fabricantes de veículos e suas redes de revendedores franqueados sejam capazes de superar anos de inércia e complacência, para serem pioneiros e executarem novos conceitos que fortalecerão e ampliarão o valor de suas marcas.

Transformações definitivas no setor automotivo

A mudança no modelo de vendas do setor automotivo acontece diante de nossos olhos num ritmo incrível. Ela promete transformar uma indústria que há muito se destaca por altos custos, atendimento ruim e processo de venda desagradável. Fabricantes competem ferozmente entre si para reduzirem custos e atender às necessidades dos consumidores por carros e caminhões melhores e mais baratos.

Entretanto, os sobreviventes encaram ameaças capazes de frustrarem seu interesse em construir relacionamentos fortes e duradouros com clientes. Os empresários dissecaram a equação custo-valor e criaram novos conceitos de varejo. As histórias deles, persuasivas o suficiente para atrair milhões de dólares em investimentos de capital público, levaram revendedores independentes a se venderem. 

A Internet reduziu as barreiras de entrada para outros empreendedores. Surgem novas ideias sobre como ajudar os clientes a encontrar, avaliar e comprar novos veículos. Esses padrões já consistentes revolucionaram outros mercados de bens de consumo duráveis, ​​que efetivamente transferiram o poder de mercado dos fabricantes, para os varejistas.

Em resposta, os fabricantes no setor automotivo finalmente levaram a sério o marketing e o enfrentamento das fraquezas em seus canais de distribuição tradicionais, de revendedores franqueados. Eles querem expandir sua participação na cadeia de valor do ciclo de vida do cliente, para melhorar a lucratividade e crescer em mercados que estão em grande parte, estagnados. 

Quem sai ganhando?

Isso muda a base da competição de projetar e fabricar bons produtos, para fornecer serviços e gerenciar experiências de compra e propriedade do consumidor, pelas quais os próprios produtos são apenas parcialmente responsáveis. Os consumidores são os únicos vencedores nesta batalha.

Embora não tenhamos certeza de quais fabricantes no setor automotivo vão sobreviver, estamos confiantes de que vencer exigirá uma melhor compreensão das equações de valor do ciclo de vida de carros e compradores e o desenvolvimento de estratégias inovadoras para capturar esse valor.